sábado, 26 de abril de 2014

Cidades de Papel - John Green




John Green. O queridinho do momento.

De uns tempos pra cá, parece que todos os blogueiros literários resolveram se apaixonar por esse escritor.
E bom, eu nunca havia lido John Green... Mas queria saber o porquê dessa babação toda!

Foi então que eu li Cidades de Papel e descobri que... Estou velha demais pra isso.





O livro conta basicamente com dois personagens principais (Quentin e Margô) e os melhores amigos do Quentin (Ben e Radar). Claro que tem outros personagens, mas eles não tem importância.
Eu adorei os meninos, ri bastante, me diverti e me identifiquei. Mas se teve alguém que eu detestei, foi essa tal de Margô.
E o problema é que a história inteira gira em torno dessa garota... Então fica meio difícil eu gostar de uma história que fala quase o tempo todo sobre uma personagem que eu odiei, né minha gente?
A menina é extremamente egoísta, infantil, com propósitos furados, egocêntrica e CHATA! Sabe aquele típico "rebelde sem causa"? Aborrescente que precisa chamar atenção? Pois é.

Mas ok! Tirando o fato da personalidade da Margô ter estragado o livro, a obra levanta um questionamento muito interessante: O quão frágil é a relação que temos uns com os outros. Ou seja, o fato de nós acharmos que conhecemos muito bem as pessoas que convivem conosco, quando na verdade nós só conhecemos superficialmente e nem nos damos conta disso. Muitas vezes achamos que sabemos tudo sobre alguém, muito embora só conseguirmos enxergar a "casca" da criatura. Resumindo, uma pessoa que aparenta ser segura e destemida, pode na verdade ser um "cagão". E vice-versa.


Concluindo:

Cidades de Papel é divertido, nos faz pensar e contém uma leitura super leve... Porém com esse "pequeno" problema da protagonista ser absurdamente insuportável.
Mas não posso negar, dei várias risadas ao longo da leitura! E o prólogo do livro é muito, muuuuito bem escrito! O que me leva a crer que ainda não desisti do John Green! =D

Fica a questão: Será que é tão difícil assim fazer um livro YA sem ter necessariamente um romancezinho? Sem ser tão bobinho? Ou seria essa justamente a característica que determina um livro como YA?
Deixe sua opinião nos comentários =)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O Diário de Anne Frank





O livro mais difícil de ser lido que eu já li na minha vida...
Ele não é complexo, não é complicado de entender... Ele é difícil por outros motivos.

E eu vou dizer 5 motivos para você concordar comigo:








1. A obra se passa na época do holocausto.
Apenas esse fato já seria mais do que suficiente para explicar o quão difícil é essa leitura.
Os detalhes da rotina de alguém que vivenciou um dos piores momentos da história faz você se sentir a pior e mais supérflua pessoa do mundo, que reclama de barriga cheia.
É um verdadeiro soco no meio da cara.

2. É um diário real, escrito por uma pessoa real.
Anne Frank realmente existiu. Junto com sua família de judeus, Anne passou  2 anos escondida em um anexo de um escritório na Holanda, tentando sobreviver à segunda guerra mundial. O diário foi encontrado dentro do esconderijo após eles serem descobertos e levados para o campo de concentração.
O tempo todo você sabe que não está lendo uma historinha, algo que alguém inventou. Todas aquelas palavras aconteceram. E não, não é fácil virar as páginas.

3. A autora tinha 13 anos e cheia de sonhos.
Anne escreve pela primeira vez no diário quando o ganha de aniversário. Ou seja, você acompanha toda a transformação em sua vida.
Passagens como  "tenho fé que eu vou sobreviver",  "quando eu tiver filhos" ou até "eu irei escrever muitos livros um dia" são extremamente dolorosas de ler, pois você enxerga uma menina cheia de sonhos, com potencial, mas ao mesmo tempo sabe que o seu destino não dará oportunidade de realiza-los, apenas tragédia.

4. A atmosfera permanentemente tensa
Como a família está escondida no anexo de um escritório, não ser silencioso é o mesmo que sentença de morte. Você acaba absorvendo a tensão e o medo constante de fazer barulho. Quando deixam cair algo no chão ou quando a irmã da Anne precisa engolir Codeína para parar de tossir a noite são só alguns exemplos do quão complicado era viver escondido. Isso fora as incontáveis noites em que ninguém conseguia dormir por causa do barulho dos aviões e dos bombardeios acontecendo.
Frases como "talvez a câmara de gás seja a maneira mais rápida de morrer..." aumentam ainda mais o seu medo, tensão e compaixão pela menina.

5. O final
Anne escreveu a maior parte do diário dentro do anexo. Ou seja, você a acompanha desde o momento em que ela deixa a casa e foge para o esconderijo. Acompanha o crescimento do medo de ser pega. O amadurecimento extremamente nítido a cada dia que se passava.
No penúltimo relato do diário, Anne escreve "Estou cheia de esperanças, tudo vai bem!", referindo-se à notícia no rádio sobre um atentado mal sucedido contra Hitler naquele dia, que até mesmo os alemães estavam fartos, a guerra quem sabe estava prestes a terminar...
E quando chega no final... Bem, não tem final. Apenas o silêncio. O fim precoce da obra só escancara o que nós já sabíamos desde o começo.





O epílogo do livro explica que Anne e seus familiares foram descobertos no dia 5 de agosto. Foram separados e levados para diferentes campos de concentração. Das 8 pessoas que estavam escondidas no anexo, apenas o pai da Anne sobreviveu.
Anne Frank morreu no campo de concentração, apenas dois meses antes da liberação da Holanda...

Ao menos sua memória ainda vive.
O livro mais difícil de ser lido que eu já li na minha vida...


segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman



Tenho sérios motivos para acreditar que Neil Gaiman seja um X-Men!
E eu nao só sei disso, como sei também qual é o seu poder: Controlar o tempo.

Isso nao está fazendo o menor sentido pra você?
Ok entao... 

Leia "O Oceano no fim do Caminho" e depois me diga se o autor não te fez voltar no tempo e ter 7 anos de idade de novo.





A história:

Estamos em um velório. Não sabemos de quem, porém sabemos que é de alguém muito próximo ao narrador, pois ele está devastado. A propósito, nunca saberemos o nome do narrador... Devemos nos contentar apenas em saber que ele é o personagem principal da historia, ponto.
Desgastado, o narrador não suporta mais ficar no ambiente do velório e resolve dirigir um pouco, para espairecer. Quando percebe, está na rua em que viveu sua infância. Ver a rua o faz lembrar que havia uma fazenda no fim do caminho, a fazenda dos "Hempstock", onde antigamente morava Lettie, sua amiga de infância. "Será que Lettie ainda mora lá?" foi o questionamento que fez para seguir até a fazenda. 
Encontrou apenas a Senhora Hempstock, que educadamente o deixou entrar para matar as saudades do lugar onde tanto brincava quando criança. Resolveu ver o lago da fazenda. Lettie chamava o lago de outra coisa... Mar? Não sei... O narrador ainda não conseguia se lembrar.
Mas é claro que era apenas um lago de patos, nos fundos da fazenda. Nada muito grande. 
Finalmente ele chegou ao lago. Como era mesmo que Lettie chamava esse lago? Mar? 
Olhou o lago e pensou:

"Não era mar. Era oceano.
O oceano de Lettie Hempstock.
Lembrei-me disso, e, ao lembrar, lembrei-me de tudo."

E assim  começa o incrível Oceano no Fim do Caminho.


Minha opinião:

Fazia muito tempo que um livro não conseguia mexer comigo como esse mexeu. 
A narrativa tem tudo! Você se diverte, sente medo, raiva, alegria, vontade de chorar...
E o maior sentimento que a obra conseguiu me despertar foi de arrependimento. 
Arrependimento de ter deixado de lado meus pensamentos de 7 anos. De ter parado de prestar atenção nas coisas simples da vida. De ter pressa pra tudo e não ter tempo pra nada... Nunca. 
Arrependimento de ter crescido e perdido o ingênuo, inocente e sem limites imaginários olhar infantil. 
No início, o meu olhar adulto e limitado custou a acreditar na história que o livro contava. Tudo o que eu pensava era "com certeza isso é imaginação do personagem", "isso não está acontecendo de verdade". 
Mas o autor é tao SENSÍVEL, tao GENIAL que me fez ter 7 anos, onde a minha visão não era nem um pouco limitada. E aí sim eu pude ver o mesmo que o narrador via. Pude acreditar fielmente em tudo, sentir muito medo da Ursula Monkton (vilã da história), com vontade de me agarrar em um ursinho de pelúcia!
E não... Não era mar. Era oceano. E não importa o tamanho dele... 
Os adultos tem regras pra tudo! Ele tem o tamanho que precisa ter, ponto final!


Concluindo:

Não consegui ser imparcial. A obra mexeu demais comigo para conseguir imparcialidade. 
Incrível, mágico, sensível... E simples!
Arrisco dizer que O Oceano no fim do Caminho é a única obra que conseguiu chegar perto de Exupéry e seu esplêndido e impecável O Pequeno Príncipe.
E se você já leu o livro e não teve nem um pouquinho de medo da Ursula Monkton, você precisa seriamente rever seus conceitos ou passar umas férias na Terra do Nunca.

"Vou dizer uma coisa importante para você. 
Os adultos também não se parecem com adultos por dentro. Por fora, são grandes e desatenciosos e sempre sabem o que estão fazendo. 
Por dentro, eles se parecem com o que sempre foram.
Com o que eram quando tinham a sua idade. 
A verdade é que não existem adultos. Nenhum, no mundo inteirinho."
(Lettie Hempstock - O Oceano no fim do Caminho)

sábado, 19 de abril de 2014

Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago

Imagine um livro onde nenhum personagem tem nome. Nem mesmo a protagonista.
Só esse fato já deixaria o livro, no mínimo, diferente.
Agora imagine uma narrativa que não contém travessão, dois pontos ou qualquer artimanha que nos faça distinguir o que é um diálogo entre personagens e o que é a fala do narrador.
Também não se espante com o tamanho dos parágrafos. Um único e mísero parágrafo tem o tamanho de mais ou menos 2 páginas inteiras.
Ah... Não existem capítulos!
E a história? Nada mais, nada menos que uma epidemia de cegueira.
Se ainda assim, você não despertou sequer um pingo de curiosidade pela obra...
Retorne ao seu planeta natal, ET.



A história:

Enquanto estava parado no sinal vermelho, um motorista perde a visão subitamente. E não é uma cegueira qualquer, é uma cegueira completamente branca. 
Tentando resolver o problema, o recém e desesperado cego procura um médico oftalmologista. O médico não encontra nada além de olhos totalmente saudáveis. Saudáveis e cegos.
A cegueira que iniciou no motorista, rapidamente se espalha e todos vão perdendo a visão. Inclusive o próprio Oftalmologista!
A epidemia se alastra de tal modo que o governo toma uma atitude drástica: Todos os infectados e pessoas que tiveram contato direto com os cegos (mesmo que ainda estejam enxergando) são mantidos em quarentena em um manicômio e proibidos de sair.
O manicômio é protegido por soldados com ordens explicitas de atirar para matar aquele que tentar escapar.
Aos poucos, todos vão perdendo a visão. A unica pessoa que continua a enxergar é a esposa do Oftalmologista. Essa mulher, que de alguma forma literalmente inexplicável não perdeu a visão, é a protagonista da trama. 
A história do livro resume-se basicamente nos acontecimentos dentro e pós quarentena e como as pessoas passam a viver nessa nova e cruel realidade.


Minha opinião:

Serei muito sincera. Não gostei nem um pouco.
Eu nunca havia lido nada do José Saramago. A forma com que ele escreve, na minha opinião, é um desserviço à obra. 
Já ouvi pessoas falarem que você estranha a escrita do autor no começo, mas depois se acostuma. No meu caso, a estranheza só aumentava em cada página virada. Foi algo que me irritou profundamente desde o começo até o fim (se é que posso chamá-lo assim). 
Durante todas as 310 páginas, tudo o que eu pensava era "como essa história teria ficado melhor se fosse escrita da forma padrão".
Não consegui me relacionar com NENHUM personagem. Não pelo fato de não terem nomes, mas simplesmente porque as atitudes de muitos eram tao parecidas, tao previsíveis, tao o mesmo do mesmo... 
Eu poderia também levantar a questão de ter me sentido enrolada pelo autor por não ter meus questionamentos respondidos no fim do livro. Porém, convenhamos, a foco do livro não era desvendar o lado cientifico da doença e sim analisar o comportamento humano perante a ela. Os "porquês" não fazem parte do foco da trama. 
Outro ponto que cabe destacar é que em determinados momentos, o autor permanecia várias páginas em uma situação que não agregava em nada na história. Já em outros momentos em que acontecia algo realmente relevante, era uma passagem tao rápida que eu precisava parar, voltar e ler de novo para ter certeza do que aconteceu.


Concluindo:

Saramago constrói esse universo cego a partir de uma perspectiva bastante pessimista (e realista, devo admitir). Grande parte dos acontecimentos relatados eu acredito que aconteceriam de verdade, caso houvesse uma epidemia cega na vida real.
Sei que Saramago é um escritor respeitadíssimo aos olhos do mundo literário e não serei eu com a minha insignificante opinião que irá abalar isso. Porém, ainda estou à procura desse brilhantismo todo que tanta gente viu em Ensaio sobre a Cegueira
Eu, pelo menos, não vi... 
Será que ceguei?


Até a próxima livre e espontânea leitura, galera!
E não esqueça de deixar seu comentário =)